Depois de um mês, a mesma agonia dos primeiros dias voltou a me afligir.
Falhei em não chorar longe de ti, chorei o dia todo e falhei em não beber nosso jack longe de ti, tomei uma dose para amenizar a dor.

Trigésima noite

Vou tirar o "sem ti", pois, não estou de fato mais sem ti.

TRIGÉSIMO dia sem ti

Neguinho, obrigada por - quase - me curar.
Creio que nem quando namorávamos eu tive tanta certeza do que se passa entre nós, finalmente entendo a tal da confiança que tu sempre bateu tanto na tecla.

Vigésimo sétimo dia sem ti (ou Isto não é sobre mim, é sobre nós)

Acordar ao teu lado, com teu corpo colado ao meu (diferentemente da última noite que passamos juntos), cheirar teus cabelos, tua nuca, descansar no teu peito... nos teus pelos. 
Surreal.
Ouvir tudo que ouvi na tarde/noite de ontem, éramos tão nós e só. Eu, você e o Jack.

Sabe? Lá em 2010 quando tu me apresentou "nothing else matters", tomei a frase "Never opened myself this way. Life is ours, we live it our way" (além dela toda combinar muito com nossa história) para nos sintetizar. Acho que não preciso ficar aqui contando que nunca tive um amigo como tu, que tu és meu alter ego, és tudo que não consigo me deixar ser, és uma pessoa foda demais e blábláblá porque fala tudo isto há pelo menos cinco anos.

E naquele dia 27 de março tive muito medo de ver todos nossos anos desmoronando, não sabia como lidaria com isto, não sabia se cumpriria com tua palavra quanto a querer continuar meu amigo. Chorava pela falta física e sexual que sabia que farias (e faz) porém, o maior desespero era perder teu afeto, tua admiração, querendo ou não... teu amor. Alguns dias depois do término fui ler meu tumblr e lembrei do dia que chegastes aqui em casa dizendo que eu era teu porto seguro e chorei, chorei, chorei!! Como poderia tudo aquilo ter passado? 
Ter a confirmação de que continuo sendo isto para ti, foi maravilhoso, parece que todo aquele chão que eu havia perdido há três semanas, fechou novamente e me senti no mundo, de novo. Ainda tenho teu carinho, teu afeto, teu amor, tua admiração, tua confiança... me senti viva novamente, ainda mais contigo no meu lado e como dissestes "me sentindo um adolescente".
Tenho com quem contar, tenho alguém que acredito moveria meio mundo para me ajudar, tenho alguém que está comigo em todos os momentos (conversamos sobre o "estar comigo" né? Leve em conta este sentido)

Ontem tive a dimensão do quão desgastado nosso namoro estava, estávamos perdendo nossa ligação e tudo estava se transformando em "bom dia". Hoje de manhã quando disse "como pode né?" estava me referindo à isto, mesmo depois de quase um mês separado nossa ligação - corporal, mental, sentimental - estava muito mais forte, notou também?

E por fim, viveremos do jeito que for pra ser, ninguém tem que dar conta do nosso amor. Seja do jeito que for. Ninguém entende, todxs me condenam por continuar me "arrastando" atrás de ti, todxs acham que ex bom é ex morto, todxs acham que a distância é o melhor remédio, todxs acham que há mágoa entre nós, que há raiva e briga... Coitadxs.
Deixemos eles e vivamos nossas vidas.

(Quando uso a palavra amor para descrever nossa relação, entendes né?)

Vigésima sexta noite sem ti

Mas contigo

Este dia foi meu.

"Amor, é ter um porto seguro"

Vigésimo sexto dia sem ti

Dói, dói demais. Dói de lacerar a alma, dói de destroçar o peito, dói ao ponto de querer desistir...
Dói porque estes dias eram meus, porque eu te esperei, dói talvez, porque eu te amo.
Porque eu te ainda te quero.
Porque mesmo eu saindo por ai e rodando os bares, nenhum corpo, nenhum beijo substitui o teu. Difícil será sempre nivelar tudo por cima, tudo a partir da tua referência.
Minha vontade é sair por ai e procurar em qualquer cheiro, corpo, homem, mulher algo que me dê um afago emocional... Dói em pensar que podes estar te apaixonando, dói em imaginar quem é.
Dói demais.
Encho um copo e, de estômago vazio tento disfarçar a minha dor. Amenizar, deixar de pensar para deixar de doer.
Estes dias eram meus. Raiva das flores, dos dias de sol, de praia, do centro, do encontro casual, do reconhecimento, do mistério, do talvez beijo... Dos dias que eram meus.
Estas lágrimas não eram para ser minhas.

Vigésima quinta noite sem ti

"E mesmo que em ti me perca

Nunca mais serei aquela

Que se fez seca

Vendo a vida passar pela janela

Quando já não procurava mais

Pude enfim, nos olhos teus vestidos d'água

Me atirar tranquila daqui

Lavar os degraus, os sonhos e as calçadas

E assim no teu corpo eu fui chuva

Jeito bom de se encontrar

E assim no teu gosto eu fui chuva

Jeito bom de se deixar viver"

Quando fui chuva - Luís Kiari